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A importância do afeto na relação com os filhos

Autor: Aline Alves Ferreira Data: 09/10/2016

Muitos pais desejam o melhor para seus filhos e, no mundo competitivo em que vivemos, desde cedo as crianças ficam abarrotadas de compromissos. Além da escola, tem aulas de língua estrangeira, esporte, música, entre outros. Não só a agenda dos pais é cheia, como a dos filhos também.

Outro dia recebi em meu consultório uma mãe preocupada com a filha de seis anos que apresentava sinais de ansiedade. Em poucos minutos de conversa, era evidente que o estilo de vida apressado e compromissado da mãe estava afetando a criança. “Vamos logo, filha, estamos atrasadas”, “anda, anda, anda” e “coma rápido, pois precisamos sair”, eram frases comuns do seu dia a dia. Afinal, quem mesmo precisava de terapia?

O dia tem 24 horas, porém isso parece ser insuficiente para a maioria das pessoas. O tempo despendido com uma criança é uma das maiores expressões de amor que um pai ou mãe pode dar ao seu filho. Tempo, principalmente em relação à sua qualidade, ou seja, o tempo de se estar realmente presente, em atenção, na brincadeira, na conversa, e não falando ao celular ou utilizando o computador.

A criança (e também o adulto) precisa de gestos de reconhecimento, como falar com a ela olhando-a nos olhos, inclusive colocando a criança ou a si mesmo em alturas similares, dando demonstrações físicas de afeto (quanto menor a criança, maior a necessidade) como beijos, abraços, segurar a mão, acariciar o rosto, etc. Dialogar com o filho, validar seus sentimentos, também fortalece o vínculo e a confiança. É um erro um pai rir de uma criança quando ela cai e chora ou debochar da raiva que ela sente.

É na relação com o outro que o afeto se desenvolve, a criança pequena ama e depende de seus pais, mas se é negligenciada e depreciada, ela pode guardar mágoas e nutrir raiva e desprezo pelos mesmos à medida que cresce.
Não dá para compensar ausência com presentes e permissividade, estes só irão contribuir para gerar na criança crenças futuras irreais sobre a vida, além de dificuldades de convivência e problemas emocionais prejudiciais na formação de sua personalidade. Educar com afeto ajuda o filho a desenvolver seus aspectos cognitivos e emocionais de uma forma mais sadia, de modo que ele cresça utilizando suas ferramentas internas para lidar com as adversidades da vida, através de escolhas mais saudáveis para si como para o meio em que vive.

 

Aline Alves

Psicóloga Clínica Ativa